
“É inexplicável a conexão deles. Agora o João está calmo, em paz, voltou a comer e dormir melhor. Estamos muito felizes”, disse, nesta segunda-feira (17), a mãe de João Rehem, de seis anos. O menino é autista e a família teve a residência invadida e o cachorro levado por bandidos em Mongaguá, no litoral de São Paulo. Devido ao ocorrido, a criança não conseguia se alimentar desde o crime, sentindo falta do pet.
A mãe da criança, que prefere não se identificar, relata que o cachorro foi encontrado pela Polícia Civil. “A polícia me ligou. Eles não deram detalhes, porque ainda estão em investigação do crime, mas relataram que conseguiram localizar o cachorro. Então fomos até a delegacia e o pegamos de volta”, conta.
A mulher levou o filho com ela até a delegacia, para que ele acompanhasse a entrega do cachorro. O momento foi filmado pela família. “Crianças autistas têm o tempo e o jeito delas para perceberem e reagirem as coisas. O João estava inquieto desde o ocorrido, mas quando abriu a porta e ele viu o cachorro, já deu vários carinhos, deu para perceber o quanto estava feliz. Já o Lucke [cão] ainda estava agitado, parecia um pouco assustado desde que foi sequestrado”, explica.
A família reside em São Paulo e estava na casa de veraneio durante o fim de semana passado para passear. Ao retornar da praia, encontrou a residência arrombada e diversos pertences faltando, assim como o cachorro do menino. Televisão, aparelho de som e documentos foram levados junto com o animal. A família, com medo, retornou à Capital, mas manteve a esperança de encontrar Lucke.

Após a invasão, um homem chegou a entrar em contato com eles afirmando estar com o cachorro e exigindo resgate. Desde o sequestro do animal, João estava agitado e sem comer, conforme relatou a mãe.
Agora, o menino voltou a se alimentar. “Ele e o cachorro são muito unidos. Eu estava em desespero até encontrá-lo. não me importo de ter as outras coisas de volta, só o cachorro. Televisão, som, essas coisas a gente compra, mas o animal é único, insubstituível, muito importante para nós. Agora estamos aliviados e felizes”, diz a mulher.
A Polícia Civil relatou que realizou trabalho investigativo para localizar o animal e fazer o resgate. O suspeito de levá-lo já foi identificado, mas está foragido. De acordo com o delegado titular Luiz Antônio Pereira, a polícia identificou a placa do carro do suspeito após o crime, por meio de câmeras de monitoramento da rua.
“Fizemos monitoramento pelo sistema Detecta, e ficamos acompanhando a movimentação desde a cidade de Mongaguá, até Praia Grande. Assim conseguimos localizar o bairro que o carro do criminoso ficava, que é na Vili Mirim. Depois da repercussão do caso, ele saiu da cidade e escondeu o cachorro em primeiro momento. Na residência estava a avó, ela atendeu e informou que ele estava viajando. Ela deixou a gente olhar a casa, mas o cachorro não estava lá”, relata o delegado.
De acordo com a autoridade policial, após viaturas comparecerem a residência do suspeito, a polícia recebeu a denúncia de que o cachorro foi deixado na casa do suspeito. Eles retornaram então ao local e a residência estava vazia, e o cão amarrado nos fundos. “Fizemos o resgate e o levamos ao veterinário. Como ele estava bem, no dia seguinte já entregamos à família, eles ficaram bastante felizes”, conta o delegado.
“O amor que tenho pelo cachorro é tão grande, que é como se fosse meu filho. Ele já está dormindo na nossa cama. Eu não sei te explicar de onde vem o apego do Lucke e do meu filho. O cão nem late por conta do autismo do João, porque ele [cachorro] entende que meu filho não gosta de barulho. Não sei te explicar essa conexão dos dois, mas é muito forte”, finaliza a mãe da criança.
